Artigo: Informação Para a Vida

INFORMAÇÃO PARA A VIDA



Fonte da imagem: portaldobibliotecario.com


Bruno Lara.

Eu diria que a informação é como o ar. Respiramos naturalmente, sem percebermos como se dá o processo, faz parte do nosso viver. A informação está aí, aos montes, em abundância. Ela nos molda, educa, deseduca, orienta, dá o tom do nosso humor e das nossas perspectivas. É um bem biocultural que contribui, e muito, para sermos quem somos, para fazermos o que fazemos.

A vida em sociedade requer de nós um movimento para entendermos, ou pelo menos tentarmos entender, o movimento de informações, nem sempre tão caóticas e desarticuladas. Para compreendermos onde vivemos, geográfica, cultural, política e psicologicamente, é importante identificar os cenários de informações travados na arena política e midiática, não apenas na grande mídia, mas também nela.

Ok, não é tarefa das mais fáceis para quem é espectador, quem de certa forma recebe as questões e as respostas “prontas”, para quem não tem proximidade com o processo de construção de discursos, de significados. Mas, há saídas. Uma delas é acompanhar diferentes e conflitantes pontos de vista, questionar o porquê de determinado veículo ou autor selecionar essa e não aquela informação, essa e não aquela fonte para embasar a sua narrativa.

Essa clareza é difícil até mesmo para quem trabalha e entende minimamente a arte das correntezas vivas nos oceanos da informação. Mas, essa complexidade não nos desobriga da tarefa de tentar purificar o ar que respiramos.  Pelo contrário. É um dever ético (tento utilizar esse termo com responsabilidade e prudência, até mesmo para não contribuir para a banalização do conceito).

Talvez essa desconfiança nos leve à descrença em relação a ações e intenções humanas, comumente recheadas de fisiologismos e conveniências. Realmente, essa ótica reflete parte da realidade. Parte. Porque também integra o campo de interações informacionais aquela informação a serviço do compromisso com o outro, do respeito à dignidade e à inteligência do outro. Impasses fazem parte. Mas, há maneiras de mediação através da informação, que pode ser discretamente autoritária e pouco democrática em ambientes de debates, muitas vezes unívocos, mas também pode ser emancipatória, enriquecedora, libertadora, tanto individual quanto coletivamente. É um cenário tanto de direitos quanto de deveres, tanto de conquistas de espaços quanto de reconhecimento e cessão.


Portanto, apesar de tanta fumaça, de informação e desinformação, de pós-verdades, de falsos debates ou debates mal travados, há que se ter esperança. Não só como obrigação, mas como realidade. A “boa informação” encontra locais de reprodução nessa nossa sociedade, nesse nosso cenário da opinião pública. A “informação para a vida” tem os seus agentes de produção e replicação, que estão onde mais se espera, mas também onde menos se espera. Daí, purificamos!

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